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Geofoam: Entrevista exclusiva com Professor de Engenharia da USP, José Avesani

geofoam

Presente em obras de grande importância em nosso país, como as rodovias BR 101 e BR 110, o Geofoam vem transformando a engenharia e construção civil. Mundialmente reconhecido como uma solução inovadora, o produto se popularizou a partir de 1990, mas ainda enfrenta alguns desafios no mercado brasileiro.

Muitos profissionais desconhecem o material, suas possibilidades e suas técnicas de aplicação, principalmente pela técnica ainda não ser muito explorada nas universidades e faculdades do país.

Justamente por essa falta de conhecimento e experiência, há um certo preconceito e alguns enganos quanto ao Geofoam no segmento da construção civil. E foi pensando nisso que decidimos convidar um especialista para falar sobre o assunto aqui no Mundo Isopor®!

José Avesani é professor da Escola Politécnica da USP e possui uma experiência de mais de 15 anos na área da engenharia civil, com especialização em geotecnia. O contato do Avesani com o Geofoam começou a partir do mestrado ele realizou em 2006, na USP de São Carlos, tendo o material como seu objeto de estudo.

Desde então, o professor vem trabalhando com a solução em diferentes projetos, e cedeu uma entrevista exclusiva ao nosso blog para comentar sobre as principais dúvidas que surgem no planejamento e na execução de obras com a aplicação do Geofoam. Confira o resultado desse bate-papo e tire suas dúvidas sobre o material!

O que é o Geofoam e quais são as aplicações desse material?

Para quem desconhece a solução, vale um resumo sobre o produto e suas aplicações! O Geofoam é uma categoria de material geossintético, produzido a partir de diferentes polímeros. A matéria-prima mais utilizada e reconhecida em todas as suas aplicações é o poliestireno expandido (EPS Isopor®).

A principal aplicação do produto está na construção de aterros sobre solos moles, estradas e rodovias, bem como no encontro de pontes e viadutos. Além disso, o Geofoam também pode ser utilizado na estabilização de taludes, substituição de aterros convencionais, preenchimento de elementos estruturais (arquibancadas, decks, etc), proteção de tubulações e outras infraestruturas enterradas, bem como no alívio de empuxo em muros de arrimo.

Para cada tipo de projeto, são recomendados diferentes métodos de implantação e especificações de material, mas em todos os seus usos o Geofoam se destaca como uma solução até 5x mais rápida do que as técnicas convencionais, evitando etapas executivas e possibilitando a operação inclusive em condições climáticas adversas.

Diferentemente do solo, o material é projetado e fabricado em um processo produtivo capaz de controlar e padronizar todas as suas características técnicas, agregando segurança e confiabilidade para a construção.

Propriedades como o baixo peso, a alta resistência mecânica, capacidade de isolamento térmico, facilidade de instalação e baixa absorção de água são apenas alguns dos recursos que o Geofoam oferece para o desempenho, a agilidade e a durabilidade das obras.

Confira o artigo que desenvolvemos sobre as vantagens, indicações e propriedades do Geofoam para conhecer a fundo esse material!

Entrevista com Professor José Avesani: O que construtoras e projetistas devem saber sobre o Geofoam

1) Quais pontos de atenção o projetista deve ter em mente na hora de avaliar se o Geofoam é ou não uma técnica viável para as particularidades da obra?

R: Cada projeto possui suas particularidades, o que pode ser aplicado a uma obra, pode não ser aplicável à outra. Portanto, tudo se inicia em uma investigação sobre o solo local. Esse estudo deve levantar entre 2 e 3 alternativas, considerando os materiais adequados, a estabilidade do solo, os riscos de deslizamento e ruptura, a demanda da construção, entre outros fatores.

O EPS Geofoam se mostra uma solução especialmente interessante no caso de solos de baixa capacidade e baixa resistência, como mangues. Verificando-se a viabilidade do uso dessa técnica, o projeto deve analisar qual tipo de EPS será empregado, avaliando características como densidade, dimensão e resistência à compressão. Lembrando que não é uma regra utilizar apenas um tipo de EPS para toda a construção. Blocos de menor densidade podem ser instalados no centro da obra, enquanto as laterais recebem blocos com maior resistência mecânica, por exemplo.

2) Qual passo a passo é importante seguir na execução de projetos com Geofoam?

R: 1º – Após o estudo do solo e a seleção do tipo de EPS que será utilizado, é necessário elaborar um roteiro organizado e detalhado para a execução da obra. Esse planejamento deve conter um layout fácil, com todas as especificações relacionadas aos materiais e às etapas executivas, inclusive as dimensões e as posições dos blocos de Geofoam;

2º – Já com todo o roteiro traçado, inicia-se o projeto de nivelamento da superfície e de preparação da obra, incluindo etapas como a instalação de um sistema de drenagem, caso necessário;

3º – Em seguida, os blocos de Geofoam são encaixados como um lego, sempre evitando as juntas, prevendo conectores e fazendo a amarração para que sejam posicionados com maior eficiência, como o procedimento tradicional da construção de parede de tijolos;

4º – No topo, é fundamental realizar a impermeabilização do material, especialmente em obras rodoviárias. Apesar de possuir resistência química elevada, os blocos de EPS podem se degradar com o tempo se entrarem em contato com produtos compostos por hidrocarbonetos, como a gasolina e o óleo diesel. Assim, é recomendado a aplicação de mantas de polietileno ou de uma laje de concreto;

5º Por fim, vem a pavimentação superior, seguindo o procedimento tradicional previsto para o projeto.

3) No Brasil, seguimos o padrão americano ASTM D6817, que define os requisitos mínimos para os blocos de EPS Geofoam. Como essa classificação pode ajudar a escolher o melhor material para cada aplicação?

R: O material é o mesmo, o que muda é a densidade em kgs/m³. Quanto maior a densidade, melhor o desempenho do material, que se torna mais resistente, mais rígido e menos deformável.

A variação nas classes e propriedades dos blocos de EPS está diretamente ligada às necessidades financeiras de cada obra, viabilizando diferentes opções para se ter o material adequado mantendo o orçamento do projeto.

Para a aplicação em rodovias, por exemplo, o mais utilizado é o EPS 22, pois apresenta um bom custo-benefício, além de atender aos requisitos de desempenho esperados para esse tipo de projeto.

*Confira a tabela completa dos requisitos previstos pela ASTM D6817

4) Para profissionais e construtoras que nunca trabalharam com o Geofoam mas pretendem iniciar um projeto com o material este ano, quais são suas dicas?

R: O primeiro passo é estudar! Se nunca vimos o material, precisamos buscar informações aprofundadas sobre como a solução funciona.

Como o Geofoam não é uma técnica tradicional e ortodoxa, comumente ensinada na faculdade, os engenheiros não estão habituados com o produto, nem com os métodos de aplicação. Por isso, também é importante buscar fornecedores especializados e confiáveis.

Uma vez que fabricante detém informações valiosas sobre o material, as indicações e os exemplos de cases de sucesso, o departamento técnico do seu fornecedor está preparado para dar o suporte necessário ao desenvolvimento e à execução do seu projeto!

5) O Geofoam é um mercado amplo e latente no Brasil, mas ainda em crescimento. Quais são os desafios e os impeditivos que a construção civil enfrenta hoje em nosso país para ampliar o uso desse material?

R: Eu entendo que o maior desafio é o próprio setor. É preciso desmistificar e ampliar o conhecimento sobre o material e suas técnicas de aplicação. Assim, acredito que os fabricantes e as associações devem levantar essa bandeira e reforçar a solução no mercado, tendo o papel de ensinar, catequizar e dar suporte aos profissionais e às empresas do segmento.

O Geofoam deve ser visto como uma importante alternativa para os desafios da construção, como a falta de previsibilidade de custos, prazo de execução, disponibilidade de solo no local, dificuldades com logística, necessidade de mobilização de equipamentos de grande porte, além do impacto da obra em seu entorno.

E então, você já tinha conhecimento sobre todas as informações que foram abordadas aqui hoje? O Professor José Avesani concluiu nosso bate-papo com uma perspectiva positiva para a ampliação do uso do Geofoam em 2020, ressaltando o aquecimento do setor da construção civil, que fechou o último ano com juros em queda e aumento do PIB.

Como líder mundial em processamento de EPS Isopor® e especialista nesse setor, a Knauf possui um corpo técnico apto para responder quaisquer dúvidas sobre o Geofoam e outras aplicações do poliestireno expandido na construção civil. Entre em contato com um dos consultores da Knauf Isopor® e conheça tudo sobre o material!

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