A pandemia ocasionada pelo Novo Coronavírus fez com que o ano de 2020 fosse um dos mais atípicos de nossas vidas, além de desencadear uma das maiores crises econômicas de todos os tempos. Entre os setores industriais mais afetados por essa crise destaca-se o setor da Indústria Automotiva, que apresentou a maior queda de produção nos últimos 17 anos.
Durante aproximadamente 2 meses, o setor ficou completamente parado e apresentou uma queda de 31,6% no ano, de acordo com a Anfavea, entidade que representa as montadoras que estão instaladas no país.
No entanto, novas perspectivas surgiram para o setor em 2021. Diante desse cenário, entrevistamos o Head of Automotive Market da Knauf Isopor®, Sidnei Reche, para entender melhor sobre as perspectivas na indústria automotiva. Confira:
Entendendo o pico da pandemia como período de março até meados de junho de 2020, pode-se dizer que foi o mais complexo da história para a indústria automotiva?
R: A Pandemia interrompeu um ciclo de três anos de recuperação após a crise de 2015/2016. Houve uma queda significativa e tivemos que reajustar nossa projeção de crescimento, que antes era de 10% do mercado. No entanto, o resultado de 2020 foi uma produção em torno de 2 milhões de veículos.
Como foi possível se manter durante esse período? Qual foi a estratégia utilizada pela KNAUF?
R: Tivemos um excelente início de ano, fechando bem o Q1. Já no Q2 tivemos uma queda brusca na demanda automotiva em função das medidas restritivas do governo, com Q3 iniciando a recuperação e concluindo o Q4 com um bom desempenho. Apesar do mercado em queda, fomos favorecidos pelo lançamento de novos produtos e o reaquecimento do mercado nos últimos meses do ano.
Como está funcionando o retorno às atividades? Quais foram as mudanças necessárias para adequação e a comunicação com clientes?
R: A recuperação é lenta e percebemos que a cadeia produtiva continua desbalanceada devido aos efeitos da Pandemia. Felizmente a KNAUF se antecipou com excelente planejamento produtivo, o que gera muita tranquilidade para os nossos clientes. Temos uma relação muito transparente e de confiança que se reflete no crescimento em novos negócios.
Como a KNAUF enxerga esse “novo normal” para o segmento automotivo? Quais são as suas perspectivas para a indústria pós-pandemia?
R: Nós percebemos que gradualmente haverá uma evolução do mercado que continua aquecido e, na verdade, ainda há fila de espera nas concessionárias. Mesmo o efeito FORD não será tão relevante, pois outras marcas de ponta irão facilmente conquistar esta fatia deixada de presente.
Notamos que a Argentina começou bem o ano, o que deve, como nos outros mercados, alavancar nossas exportações. Acredito que encerraremos o ano com crescimento em torno de 25% de mercado, chegando em 2,5 milhões de veículos produzidos. Associado a isso, teremos vários lançamentos neste ano. Nossa equipe de Desenvolvimento está trabalhando 24 horas por dia, 7 dias por semana e estamos colocando todos os nossos esforços em atender aos lançamentos com qualidade e segurança. Será um ano intenso para a nossa unidade de Atibaia, que produz em grande parte nossos produtos para o Mercado Automotivo.
Sidnei Reche
Head of Automotive Market da Knauf Isopor®
Os impactos da pandemia na indústria automotiva brasileira são diferentes do que nas indústrias do exterior. Como funciona com as outras filiais/cenários da Knauf?
R: O impacto é global e com reações muito semelhantes. A diferença – em nosso favor – são os vários lançamentos de novos produtos que teremos nos próximos anos, o que colocará a Knauf Isopor® em um outro patamar no mercado.
Como a Knauf enxerga o segmento de carros elétricos?
R: É uma revolução já iniciada que vai tomar corpo. A Eletrificação dos carros é um caminho sem volta e todos os investimentos das OEMs (Original Equipment Manufacturer) estão sendo direcionados para uma “mobilidade verde”, sejam carros movidos por eletricidade ou ainda por células de hidrogênio. A Knauf já desenvolve soluções de isoladores de Bateria feitos de EPP, além de muitas outras peças de interiores que serão mantidas nos veículos elétricos graças a característica de leveza e resistência dos nossos produtos.
Quais são os novos projetos em andamento para 2021?
R: São mais de trinta novos produtos. Cada lançamento é um desafio não só para a área de Desenvolvimento, que é a linha de frente com nossos clientes, mas para a fábrica de Atibaia, que desde o ano passado vem se estruturando para absorver estes novos negócios, sem perder o padrão de Qualidade da Manufatura KNAUF.
No caso de uma eventual “segunda onda ”, como a Knauf está se preparando?
R: A sensação é que a primeira onda nem passou ainda. É muito importante não baixar a guarda e tornar as medidas preventivas um hábito em nossas unidades e na vida pessoal. Dessa forma e com o início da campanha de vacinação, estaremos preparados.
Qual a importância de se utilizar materiais sustentáveis e como a Knauf contribui com a economia circular?
R: A sustentabilidade faz parte do compromisso e valores da Knauf, que possui ações e projetos focados na reciclagem do material EPS. No mercado automotivo não é diferente. Estamos todos com o mesmo propósito. Em Atibaia estamos trabalhando num pilar importante que é a reciclagem. Muita pesquisa e vários investimentos estão em andamento para dar a nossa parcela de contribuição.
Considerações finais
R: O momento ainda é de preocupação, porque nunca foi tão difícil projetar nosso futuro com a sombra da Pandemia ainda pairando sobre nós. Sabemos que uma imunização pela vacina será um processo demorado, que tomará tempo, impedindo uma retomada mais rápida do mercado e de nossa economia como um todo. No entanto, se há males que vem para bem, acho que a retomada gradual vai favorecer nosso planejamento de crescimento, passo a passo, realizando uma execução segura que é a nossa marca. Em tempos “desafiadores” como esses, faz uma enorme diferença termos executivos em nosso board que passaram por muitas crises e possuem experiência com gestão de crises. Graças ao privilégio de termos uma Diretoria altamente capacitada, liderada pelo Marcelo Rocha, estamos indo muito bem apesar da crise.